sábado, 28 de abril de 2012

ANATOMIA DA INTIMIDADE


E depois que todas as lágrimas caírem. E depois que todos os espelhos quebrarem? Minha intimidade é dislexa como os espelhos. Como o delta de um rio. Minha intimidade se esconde na camada mais densa da pintura, na raiz mais profunda, no silêncio mais fundo de uma pausa... Minha intimidade é um espelho denso onde se revela uma vontade desesperada de mergulhar dentro de mim mesmo, e outra vontade agonizante de nunca mais sentir essa solidão atroz. Mesmo assim, eu só tenho pra oferecer essa intimidade vazia e branda, como poças d’água depois da chuva. Esse é meu jeito de tentar entender o mudo diálogo dos espelhos. E o que vai restar (de mim), depois que todas as lágrimas caírem, e depois que todos os espelhos quebrarem?

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