E depois que todas as
lágrimas caírem. E depois que todos os espelhos quebrarem? Minha intimidade é
dislexa como os espelhos. Como o delta de um rio. Minha intimidade se esconde
na camada mais densa da pintura, na raiz mais profunda, no silêncio mais fundo
de uma pausa... Minha intimidade é um espelho denso onde se revela uma vontade
desesperada de mergulhar dentro de mim mesmo, e outra vontade agonizante de
nunca mais sentir essa solidão atroz. Mesmo assim, eu só tenho pra oferecer
essa intimidade vazia e branda, como poças d’água depois da chuva. Esse é meu
jeito de tentar entender o mudo diálogo dos espelhos. E o que vai restar (de
mim), depois que todas as lágrimas caírem, e depois que todos os espelhos
quebrarem?
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