segunda-feira, 18 de junho de 2012

ANATOMIA DAS COINCIDÊNCIAS

Bobas coincidências. Desnecessárias feito tarot, reconfortantes como destilado.

ANATOMIA DO CÂNCER

Explodir em si, sem explodir o mundo, requer treino.
Explodir o mundo, sem se explodir, requer desapego

ANATOMIA DE VINÍCIUS

Por você Vinícius, abriria mão dos meus conceitos, acreditaria em casamento, em signos e em cafajestes. E seria, sem culpa alguma, sua 10ª mulher!

"A mulher de leão Brilha na escuridão.
A mulher de leão, mesmo sem fome
Pega, mata e come.
A mulher de leão não tem perdão.
As mulheres de leão Leoas são.
Poeta, operário, capitão
Cuidado com a mulher de leão!
São ciumentas e antagônicas Solares e dominicais Ígneas, áureas e sardônicas
E muito, muito liberais"
Vinícius de Moraes


sábado, 5 de maio de 2012

ANATOMIA DAS PAIXÕES INFLAMADAS II


Já saturada de "paixões inflamadas", fui naquela que destrói dentes excedentes e extrai o siso. Como desde muito pequena sempre fui muito dramática tirei os quatro apaixonados de uma vez só. E nessa descobri que a ausência dói mais que aquela maldita presença inflamada. Os outros dentes estranharam bastante, com o espaço de sobra e sem as distrações, ingenuamente imaginei que tudo ficaria bem, que aquela dor do C#$%LHO finalmente se dissiparia, afinal, literalmente tirei o mal pela raiz. Mas por algum erro de calculo e uma exagerada ingenuidade descobri que a dor piorou exatos mil por cento e os dentes que ficaram estão completamente desnorteado, alguns deles acham que na verdade são eles próprios que doem. Os pobrezinhos tomaram pra si o problema, mas de diversas formas. O meu pré molar por exemplo, tem certeza que está com uma cárie, ele sente dor, o vazio e aquela sensação de ventinho, passo a escova pra mostrar que não tem vazio nenhum, mas mesmo assim ele só dói. Os caninos estão angustiados, é só encostrar que eles dão choque, não sabem bem porque, mas o fazem. O incisivo superior deu pra relembrar do dente de leite que veio antes dele, um saudosismo exacerbado , fica redizendo como era bom ter alguém na linha de frente, que na verdade ele nunca quis pra ele esse titulo de "Incisivo Superior Permanente", por ele o de leite seria o definitivo. Tentei explicar que agora ele é um dente adulto e independente, que já faz tempo  que o de leite não esta mais lá, que é preciso superar, e que esse é o processo natural... mas não adianta, o incisivo não nota que joga no de leite a falta que o siso faz. Mas a reação do molar inferior me impressionou muito, o esquerdo no caso, que o direito esta numa depressão que nem te conto. O molar inferior esquerdo deu pra trabalhar 24 horas por dia, qualquer coisinha que possa mastigar, ele mastiga, acho que se colocar um prego ali, ele da um jeito de engolir. Ele acha que trabalhando feito um condenado vai esquecer de tudo que incomoda e machuca. Esses dentes que fingem que nada aconteceu, são os que eu mais me preocupam. Nunca entendi como as ausências se fazem tão presentes.

ANATOMIA DO APERTADO


Acordei com a certeza que o mundo é pequeno. O tempo passa e eu descubro que nada mais é mistério. Sufocada, nesse mundo todo que parece conhecer todo mundo. Conhece. Ou ouviu falar, uma historinha pra contar. Gostava mais quando era misterioso, quando imaginava que aquilo existia só pra mim. Quando a minha solidão era menos complexa e as minhas dores mais distantes. Achava que o mundo era Poema de Sete Faces, mas vejo que é Quadrilha. Bom, dos males o pior, pelo menos o mundo ainda é Drummond.

sábado, 28 de abril de 2012

ANATOMIA DAS PAIXÕES INFLAMADAS


Agora entendi tudo!
Veja bem, quando diziam "paixões inflamadas", sempre me vinha na cabeça uma fogueira alta, vários galões de gasolina... shuapt, boom... Cores vermelhas estalando...
Agora entendi que a foto é outra: "paixões inflamadas" é um como um dente do siso em pré operatório. Doente, cheio de pus, saliva grossa, e que deve ser tirado de vc, antes que adoeça a boca toda, é tudo molenga, mal cheiroso e de cor amarela creme.
Talvez esse tenha sido o meu problema a vida inteira, a maldita da imagética. 

ANATOMIA DA INTIMIDADE


E depois que todas as lágrimas caírem. E depois que todos os espelhos quebrarem? Minha intimidade é dislexa como os espelhos. Como o delta de um rio. Minha intimidade se esconde na camada mais densa da pintura, na raiz mais profunda, no silêncio mais fundo de uma pausa... Minha intimidade é um espelho denso onde se revela uma vontade desesperada de mergulhar dentro de mim mesmo, e outra vontade agonizante de nunca mais sentir essa solidão atroz. Mesmo assim, eu só tenho pra oferecer essa intimidade vazia e branda, como poças d’água depois da chuva. Esse é meu jeito de tentar entender o mudo diálogo dos espelhos. E o que vai restar (de mim), depois que todas as lágrimas caírem, e depois que todos os espelhos quebrarem?

ANATOMIA DO QUASE AMOR


Me deu sorrisos, aventuras
Me mostrou Nina Simone
E num surto de si mesmo, partiu.

ANATOMIA DA INADEQUAÇÃO



Amarrada a corda errada.
Quase sempre deslocada
E sempre ocupando mais espaço que o normal
Cada vez mais estrangeira, estrangeira em qualquer lugar.
Mais estrangeira...
Menos face.
Sem face. Compraria uma. Usaria de bom grado.
Uma paz. Identidade. Passaporte.
Mas, aqui.
Presa a uma corda, com um nó que eu mesma dei.
Agindo como culpada, cúmplice, marginal.
Agindo como culpada mesmo sem saber o que realmente é a culpa.
Amarrada a uma corda por um nó que não sei mais desatar
Garganta seca da poeira dessa terra que nunca foi minha.
Mesmo que minha bolsa tenha arranhado esse calcário frio.
Nada aqui me reflete, nada aqui me acarinha.
Dessa mãe rígida, que deixa os filhos sem face escorrerem perna abaixo.
Amarrada a uma corda emaranhada
Feito gata na lã, me divirto no meu próprio embaraço
Palhaço em fim de festa de criança mimada.
Equilibrada pelos calcanhares, feito louco de cartomante
Amarrada feito Judas em dia santo.
Inadequada

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ANATOMIA DE UM CRIME

Não deveria ser necessário ratificar esse tipo de coisa!

Estupro não é sexo

"Infelizmente ser biscate não é só assumir o controle dos seus desejos e corpo, porque o mundo, machista como é, insiste em não apenas ignorar nossa atitude como insiste também em tentar controlar nossos corpos, desejo e prazer. E o faz através da maneira mais cruel e perversa, e que atinge tanto biscates quanto mulheres incríveis, da violência. E como o assunto do momento é o estupro de uma “biscate”, é sobre isso que precisamos falar.

Estupro não é sexo. Estupro não é uma vontade incontrolável de dar prazer à outra pessoa mesmo que ela não saiba que quer muito isso. Estupro não é um favor, não é um acidente, não é uma empolgação. Estupro é uma violência que decorre de uma relação de poder. No estupro, aproveita-se da vulnerabilidade do outro.
Precisa de exemplo? Apontar a arma pra uma pessoa na rua a deixa vulnerável. Bater numa pessoa a deixa vulnerável. Ameaçar o emprego, a família, os amigos a deixa vulnerável. Estar bêbada, dormindo, drogada, é estar vulnerável. Aproveitar-se de relações de trabalho ou familiares pra forçar sexo é aproveitar-se de vulnerabilidade. Não importa se é um marido, namorado, colega, amigo, vizinho, desconhecido, não importa o grau de intimidade e confiança… Tocar, se esfregar, penetrar, inserir objetos no corpo da outra pessoa sem que ela deseje isso e consinta explicitamente sem coação de nenhuma ordem, É VIOLÊNCIA.
Entenda: estupro não tem atenuante. Mulher pode gostar de sexo, de beber, usar roupas provocantes e se divertir e isso não dá a ninguém o direito de estuprá-la. Vamos desenhar, atenção: Não é porque ela estava bêbada que pode estuprar. Não é porque ela estava na rua sozinha depois das 22hs que pode estuprar. Não é porque ela estava com um grande decote, saia curta ou maquiada que pode estuprar. Não é porque ela é prostituta que pode estuprar. Não é porque ela dá pra todo mundo que tem que dar prá você também. Não é porque ela é gostosa que pode estuprar. Não é porque ela dança de forma provocante que pode estuprar. Não é porque ela é “feia” e nunca ia arrumar namorado que pode estuprar. Não é porque ela concordou em conhecer sua coleção de figurinhas de jogadores das seleções asiáticas de futebol que pode estuprar. Não é porque ela se deitou com você e ficou trocando carícias embaixo do edredom que pode estuprar. Não pode usar força, não pode insistir com ameaças, não pode se aproveitar que a pessoa dormiu, não pode chantagear.NÃO PODE ESTUPRAR!
Quando alguém diz não, significa exatamente isso: NÃO. Não importa o que ela “quer dizer”, importa o que ela efetivamente disse. E se a pessoa está desacordada, bêbada, drogada ou sonolenta e não tem condições de dizer sim ou não, saiba: é sempre não. Se a pessoa não pode decidir, guarde a viola no saco (guarde o pinto dentro da cueca) e espere outro momento.
Para os que se perguntam se a responsabilidade não é dos dois, um esclarecimento: a culpa de ser estuprada não é da vítima. Não, ela não provocou. Ela tem o direito de vestir o que quiser, de beber o quanto quiser, de dançar, sorrir, beijar e decidir não fazer sexo. O corpo dela não é brinquedo. Ela é uma pessoa, com liberdade e direitos. Essa é a parte que o moralismo parece esquecer. As mulheres são sujeitos e têm direitos. As mulheres não estão no mundo para provocar ou satisfazer os homens. Estão por aqui pra ser felizes, tal como eles. Antes de apontar o dedo e afirmar que ela mereceu a violência sofrida, é bom pensar que os agressores não são previsíveis. Estupra-se criança, idosas, estupra-se mulheres cobertas da cabeça aos pés, estupra-se homens, meninos, estupra-se freiras e prostitutas. Estupra-se mulheres que bebem e estupra-se as abstêmias. Porque sempre a culpa é da mulher? Porque é tão mais fácil dizer que ela deu sopa, que “pediu por isso”, que “fez por onde”? Não é o “dar sopa”, ser biscate, estar bêbada ou “a mão” que a torna alvo do estupro. Homens estupram porque acham que podem, que têm esse direito, que o mundo lhes serve. É relação de poder, pura e simples.
Então, você mulher “direita” que está aí se dando o direito de julgar e apontar o dedo para a “biscate” e dizer que “ela pediu”, “mereceu” ou no mínimo que “aguente as consequências dos SEUS atos” (como se ela tivesse escolhido ser estuprada), saiba que você não está a salvo de um estupro e toda a sua “direitice” e moralismo não irão te salvar na hora em que algum homem te olhar e achar que pode se satisfazer no teu corpo mesmo contra a tua vontade. Porque a violência contra a mulher é ampla e democrática, não julga comportamento, idade, cor, profissão, classe social, origem."
"Não são as mulheres que precisam aprender a evitar e se prevenir contra estupros, são os homens que precisam aprender que não podem estuprar."

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PURO

Eu gosto
É belo. É puro. É sagrado.
É desejo incansável de alma leve.
É puro. É desejo. É sagrado, e eu gosto.
Gosto de me ver, de me sentir...
Senti?
Eu gosto, eu gozo,
e é puro, e é sagrado, e é inteiro...
Eu sou minha, a alma é leve, a alma é livre.
É puro, é um rio profundo.

SECO

Seco. Árido. Queimando.
Expulsa pelos pêlos a fumaça negra.
A pele racha.
O sangue se arrasta denso e lento no corpo fechado.

Nada mais dói.
Só a cabeça.
Pulsa.
Pensa.
Nunca pausa.
Esperando uma tempestade que nunca vai acontecer.

Falta tudo.
Nada serve.
Nem chuva em tarde de verão.
Nem banho em solidão escrava.

Água na pele como água no vidro.
Bate.
Nada absorve.
Nada modifica.

Seco.
A pele racha.
Não limpa.
Não minha.
Não sua.
Não transpira.

Sangue compressa
Corte Seco.
Meio da cabeça até a planta do pé.
Sangue com pressa
Fluído. Pelo ralo.
Do coração pro ralo.
Do chuveiro pra cicatriz.
Água na cicatriz. Talvez doa.
Menos seco?

Não dói.
Seco.
Sem Vinho.
Sem sangue.
Sem corte.
Seco.

Não dói.
O cuidado com tudo.
Tudo na hora certa – Assim não dói –
Tudo no lugar – Assim não dói –
Tudo programado.
Tudo seco.
Árido. Não dói.
Planejado.
Burocrático. Nada dói.
Protegido.
Seco. Não dói.

Árido, queimando fora.
Expulsa pelo sangue o gozo parado.
A pele pelo pêlo.
Fumaça de sauna seca.
Nada mais dói.
Seco.

Talvez.
Uma lágrima.
Só.
Rolando sincera e doída.
Só uma.
E uma dor. Verdadeira e latejante.
Menos Seco.
Viver uma vez a derrota. A morte.

Nem tanto.
Talvez manha com machucado bobo.
Choro doído de horas por um falso amor adolescente.
Dor legítima.
Casar quatro vezes. Todas por amor.
Rir sem motivo, de coisas sem sentido.
Beber feito apaixonada.
Acelerar sem o medo do sopro.
Correr, tropeçar.
Amar feito vadia viciada.
Correr, poste.
Parar.
Gozar dentro. Várias vezes.
Qualquer coisa menos seca.

Segue.
Senti?
Seco.

Seco. Árido. Queimando por dentro.
Expulsa a fumaça negra pelos pêlos.
A pele se arrasta, densa e lenta.
O sangue racha no corpo fechado.

SEM CHÃO

Pés em chão de nuvens. Mãos segurando cordas sem fim atadas ao céu. E se me atirasse agora na terra? Será que ainda conseguiria tocar o chão? Caminho sem chão. E continuo olhando o horizonte, e continuo subindo nessa corda... E quando chegar às estrelas aonde ela esta amarrada, vou, enfim, chegar ao meu país. Mas, enquanto essa corda for infinita... Não sou a chegada. Não sou o regresso. Ainda sou o caminho.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

PRINCESA DE MEIA PATACA IV

Descendo do pedestal. Era isso que faltava pra princesa, que na verdade, cansou de ser princesa e resolveu ser plebéia. E da pior espécie. Nunca foi tão feliz. Entre putas, cafajestes, anonimato, gargalhadas falsas e choros sinceros, se reconheceu. Largou coroa, largou família, largou culpa, tirou suas veste de soberana, e nua pela noite, pela primeira vez sente paz. Trepa como um bicho, ama verdadeira e desequilibradamente. Sente o doce na boca, os ombros leves e vê a verdade.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ANATOMIA DO CABELO

Cabelo ao vento não existe mais. Talvez o vento já não precise mais assoprar. No quarto desinfetado, branco, limpo, cheirando a tristeza e a álcool 70º, moram uns olhos que eu não reconheço mais. Num corpo de senhora cinquentona de pernas e forças esculturais, moram olhos de longas datas. Olhos que estranham, olhos que sabem, que logo, logo serão comidos, pela morte, pela saudade ou pelo remorso.
E ela continua se comendo por dentro, numa terrível mania de dominar por completo seu destino errante de escolhas marteladas. E essa dor que não passa. E esse cabelo negro... Cabelo de menina. Cabelos... Índia teus cabelos, lá, lá, lá... Risos desafinados e distantes tomam conta da memória. Dejetos fazem parte dessa história sem final escrito, mas novelisticamente esperado.
É nessa hora que a poesia e a calma se vão. Essa história vaga e insana que novamente se escreve no meu ventre seco e escuro. Na minha cabeça pulam sacis nos pontos de ônibus desativados. Vejo o Paço, ouço passos, passa o tempo, pousa o medo, paraliso triste e nostálgica, olhos que nem na memória conseguem voltar a mim. Nem um apoio consigo mais lembrar. Nem a força com que grita, briga ou agarra. Parece que mais nada existe depois que a cabeça cansou de sentir dor.
Excede no cuidado, na morfina e na parcimônia. Falta na verdade, no cabelo e na memória. Excede no abraço, na fé, no desgaste. Falta no tempo, no perdão e na história.

sábado, 6 de março de 2010

SOBRE O AMOR

"Que desilusão. Só tinha 16. Parecia 19, 20. Parecia até especial. Mas só tinha 16. Acho que me enganou porque era grosso. Parecia ser mais por ser grosso. Mas só tinha 16. Eu que nunca me engano. Mas só tinha 16. Talvez a língua boa aluna ajudasse na mentira gostosa. A língua áspera. Os 16 grosso. O sorriso falso. Nas palavras boas e nas mãos brutas. Por que tanto desespero? Esse amor só tinha 16."

NOVEMBRO DE 2009.

RETOMANDO...

"Vamos concretar o mundo. Chegaremos com as caçambas e cobriremos tudo. Nossos livros que se queimem todos. Nossas palavras que virem murmúrios. Nossos filhos que escorram perna abaixo. Não restará uma mísera folhinha verde. Só a Casa Verde.
A casa verde ali paradinha parecendo uma bocetinha toda pequenininha, pois nunca agüenta todo o resto que eu tenho pra colocar. Então eu fico ali dentro, mas só a metadinha. A casa verde coitadinha, não agüenta tudo que eu tenho pra falar. A casa verde, aquela virgenzinha não agüenta tudo que eu tenho pra sofrer. A casa verde não sabe ainda gozar. É só um buraquinho menino."

Por Carolina Mascarenhas e Cesar Felipe Pereira

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ANATOMIA DA PRINCESA DE MEIA PATACA III

A Princesinha continuou a envelhecer, e o Príncipe Descuidado, cuidou-se para não ficar mais solitário. A Princesa burra achou, por algum motivo débil, que ele esperaria a velha adolescência passar. Mas, o Príncipe muito esperto, preferiu não apostar novamente no cavalo errado, e a Princesa agora teria que assumir o trono sozinha. A Princesinha agora viraria Rainha. E assim se cumpriu. A alma velha da jovem Rainha se despedaçou e ela enlouqueceu. Pensou em golpes de estado, leis severas, invasão de terras, mas, sabia que o seu Príncipe não voltaria atrás. A aliança no dedo, o sorriso sereno nos lábios, ela conhecia o peso das decisões que ele tomava. A nossa jovem Rainha Louca sabia que tinha perdido aquela guerra. E agora que o príncipe não voltaria definitivamente, a Rainha elucubrava quem daria um jeito no dragão maldito que morava na porta do seu quarto? Quando percebeu o hóspede permanente, A Rainha Louca, desesperada, tentando fugir do Dragão, embebedava-se nas tavernas, e se escondia em poções mágicas de magos baratos. “Tadinha”. Via em todos os bobos da corte o Príncipe Descuidado. Enlouquecida, tentava desesperadamente que corrigissem seu retrato estilhaçado. Em vão. No fim da noite, como Dora Maar au chat, ela ainda tenta achar seu Príncipe, talvez descuidado em algum lugar só deles. Insistentemente esperava seu príncipe mesmo sabendo que sua cama estava suja demais para recebê-lo, mesmo sabendo que já era vulgar demais falar de amor. Agora, resta para a jovem Rainha Louca, criar coragem e abrir o gás enquanto algum bobo da corte é pago para lhe contar mentiras.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

ANATOMIA DA MEDIOCRIDADE

Ser mediocre agrada a quase todos. Nada como um bom mediano para estar em todas. Um mediano mediocre não atrapalha ninguém. Não compete com ninguém. Bate seu cartãozinho ponto da vida, finge que faz mais do que fala e vai vivendo sem incomodar os outros mediocres que o cercam.
Palavras da mediocre que vos fala.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

ANATOMIA DO TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE

Eu sou Cristina.
Mariana é Vicky.
Curitiba não é Barcelona.
Juan Antonio é um pseudo intelectual auto-destrutivo.
Eu sou Maria Elena.
Mariana é Vicky.
Curitiba não é Barcelona.
Manga tem caroço.
Oviedo não é Campo Largo.
Carlos é Doug.
Eu sou Julio.
Mariana é Vicky.
Curitiba não é Barcelona.
Eu sou Maria Elena.
Mariana é Vicky.
Felipe é Cristina.
Juan Antonio não é Julio.
Eu sou Cristina.
Mariana é Vicky.
Milk Shake é de chocolate.
Curitiba não é Barcelona.
Eu sou Juan Antonio.
Felipe é Maria Elena.
Mariana é Vick.
Carlos é Doug.
Manga é morta.
Doug é vivo.
Mariana é Vicky.
Curitiba é morta.
Maria Elena é morta viva.
Juan Antonio é vivo.
Milk Shake é morto.
Cristina é viva.
Morta. Viva.
Vivo é onze.
Morto é quinze.
(E se não pegar o morto paga cem.)
Maria Elena diz:
"Mariana não é Vicky. Mariana é Dr. House. E também não confio em Mariana, seus olhos têm mais de uma cor."

sábado, 22 de agosto de 2009

ANATOMIA DA PRINCESA DE MEIA PATACA II

Em cada sorriso perdido, faz, acontece e aparece. Mandou mensagem, se fez de besta e só ganhou chute de sapato gasto. Menina burra de coração apertado. Faz tipo de senhora, mas é uma adúltera, a puta. Esfrega o colo no amante moribundo e nada. Coitada da linda mulher triste no sapatinho de princesa passando, parangoleando, pisando pouco a pouco, e sentindo que na sua nuca falta álcool. Grande puta que procura um pinto de consolo. Grande coração que se entrega ao amante seco. Bela mulher que se estraga no marido vazio. A Rosa enganou a todos subindo pelas paredes parecendo balbuciar o gozo gostoso, quando ela sabia, desde sempre, que aquele era o gozo final. Ufa! Enfim a menininha morreu. Menos uma puta no mundo, menos uma santa no mundo, menos ela no mundo. Linda mulher morta no chão do quarto. Com meio sorriso nos lábios, a vagina seca e frígida, o biquinho dos seios machucado pelas escolhas erradas. O coração parecia bater. Apenas reflexos. Era costume. A vida inteirinha batendo sem parar, como um relógio com o cuco estragado. Quando bate hora fechada, nada sai, nem gozo, nem sorriso, nem grito, nenhum passarinho! Cheguei a pensar que a bela era cuca estragada. Na realidade não era. A mulher só não sabia de nada, nem de jogos, nem de apostas, nem de cavalos. Na verdade ela era só uma péssima jogadora, a égua.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ANATOMIA DA PRINCESA DE MEIA PATACA


Era uma vez uma Princesa que morava na província de Curitiba, no lado sul do Reino República e Grêmio Recreativo do Pau Brasil. A Princesa sofria de uma doença incurável: Putice aguda. Era uma vez um Príncipe metido a engraçado que também morava no mesmo reino e sofrera uma grave maldição: A Maldição do Complexo de Peter Pan. Um belo dia, (uma semana antes dela ter consumado o amor com outro príncipe, e ele ter torrado o dinheiro do Rei em dadinhos e gibis), os dois se encontraram num sábado nublado sem nada para fazer e resolveram brincar de amiguinhos. Depois resolveram brincar de namoradinhos, e por fim, resolveram brincar de casinha. Tudo poderia ter acabado muito bem, eles brigariam e nunca mais colocariam os olhos um no outro. Mas, quando brincar de casinha já estava perdendo a graça, o Príncipe foi a guerra sem escudo, e como consequência, o lindo casal recebera uma semente que germinou e se tornou um menino (de verdade, não de madeira). E agora eles estão atrelados e presos um no outro,(como num sono profundo da Bela Adormecida), até que se passe 18 primaveras desde que a semente se tornou menino. Estaguinados. Atualmente o Príncipe e a Princesa, brincam de envelhecer.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

ANATOMIA DA PERDIÇÃO 02


Dia frio, cama quente, acordar cedo, desenho besta na tv. Correr às 7h da matina. Trabalhar depois...Certas coisas não combinam. Aí vai o que realmente combina:
Um dia frio durante a semana (final de semana muito óbvio), cama quente, acordar a hora que quiser, desenho besta na tv, tomar café com leite na caneca de baixo do edredon, com pijama de ursinho de tecido plush (alguém teve um pijama ou agasalho de "plush", aqueles tecidos fofinhos da década de 90, que toda mãe curitibana adorava enfiar em seus filhotes durante o inverno), meia grossa, de vez em quando tirar uma soneca entre um desenho e outro, cara amassada, NINGUÉM em casa pra te lembrar que tem vida além da sua casa! Ai, ai... Definitivamente o paraíso existe. E ele é deliciosamente solitário como a morte.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

ANATOMIA DA PERDIÇÃO 01

Chocolate, brigadeiro, sorvete, chantilly, bife mal passado, lasanha, strogonof e arroz, salada de alface com tomate e cenoura ralada. Creme de milho, frango no molho, salmão.. "Bife a cavalo, batata frita, e a sobremesa... Goiabada Cascão com muito queijo. Depois café, cigarro e o beijo de uma mulata chamada Leonor... ou Dagmar..."



Onde tantos iguais se reúnem contando mentiras, pra poder suportar.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ANATOMIA DA PROVOCAÇÃO

Falei para alguns amigos que colocaria a foto de uma mulher semi-nua no layout desse blog. Todos acharam provocador, diferente, que teria identificação com uma das facetas dos meus textos, que é a provocação. Mas, quando viram que a mulher semi-nua era a pessoa que vos escreve... sinceramente a hipocrisia rolou solta pela web. Vários e-mails indignados por causa de uma fotinho de merda que não aparece nada demais. Descobri que as pessoas conseguem dissuadir mente de corpo, ainda mais se nesse corpo tem uma bunda. Foi incrível, todos falaram da bunda. E olha que bunda na web é o que não falta. Mas eles se assustaram que essa bunda tem uma cabeça junto. Muitas informações: Bunda, corpo, cérebro, coração, pés, mãos... As objeções foram as mais ridículas possíveis. Desde: "Você é uma intelectual, não pode se expor dessa forma". Desde quando sou uma intelectual? Já que precisam tanto me rotular, eu diria que eu sou uma leviana intelectual. Sou incapaz de me aprofundar em qualquer assunto que seja. Faço uma prostituição de informação. Isso definitivamente não é ser uma intelectual. É ser uma contemporaniazinha de merda sem nada muito concreto na cabeça. Até: "Você é mãe, o que você acha que o seu filho vai pensar quando for mais velho". Vai pensar o que ele quiser pensar. Agora só porque sou mãe preciso me aproximar da imagem da Virgem Maria? Não ousaria ser religiosa. E venhamos e convenhamos, o mantinho azul não combina muito comigo... Porra! E afinal de contas, é só um corpo. O meu corpo. Seja qual for a opinião sobre a minha estética, minha atitude, essa é a minha anatomia, a anatomia de um fogo. Quer você queira ou não.

domingo, 21 de junho de 2009

ANATOMIA DO DESEJO

BOCA, UNHA, PELE, DENTE, CABELO, LÍNGUA! CHEIRO, DESEJO, FURACÃO, RISADA, EXPLOSÃO!
Nunca essa frase fez tanto sentido...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

DIFICULDADES

Até falar sobre elas é difícil...
Não sei explicar sobre as dificuldades...
Só sei que elas existem e parecem fazer parte da família...
Como aquela tia chata que adora te colocar defeito...
Elas existem dentro de você....
Assim como aquela doença que adoramos injetar dentro da gente...
Elas existem assim como um romance que a gente nunca viveu...
Acho que as dificuldades são isso...
Esse Bicho Papão de criança insegura.
O problema é a cabeça entender o que a iludida razão já sabe.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

UM DIA SEM SAUDADES...

Achava que eu era um vulcão...
mas vulcões estão sempre atrelados a mesma terra...

Descobri que posso viver em qualquer lugar, comer todo dia uma comida nova, e ir dormir todas as noites sempre com um novo cheiro.
Preciso levar somente meu filho e o meu rímel (rsrsrsrs)... O resto são só pequenas coisas que às vezes achamos que precisam habitar na gente... Deve ser esse terrível hábito de nos acharmos importantes... Agora entendo Alexandre. Agora entendo Marco. Agora (acho) que posso começar a me entender. Não quero conquistar um mundo só pra mim... quem quer o mundo são os meus olhos, que tão cego de todos os dias, precisam de muito mais que luz.

Só isso!

Só precisava disso. Um lugar bem comum. De gente estranha e conceitos vagos. De nada com nada... Só isso.